Bastidores da vitória do Iron Cowboy João Ricardo Vieira no Texas
Na sexta edição do Iron Cowboy, João Ricardo Vieira é agora o único a ganhar duas vezes o evento. Ele embolsou 194 mil dólares, ganhou 900 pontos e agora é quinto do mundo. Acompanhe os bastidores de mais esta vitória brasileira. O sábado amanheceu sem (cair) neve, porém ela estava lá no chão, branquinha, de outro lado, o frio e o gelo continuavam ali, firme e forte. Pouco antes das 15:00h chegamos ao estádio do Dallas Cowboy. Para resumir o lugar só uma palavra: GRANDE, muito grande. Estacionamos e paramos ao mesmo do tempo do lado do carro de Renato Nunes que nos cumprimentou e seguiu em frente. Em outro carro, Valdiron e sua esposa, Kaique Pacheco e Rubens Barbosa.
Uma proza rápida e subimos para a entrada da sala de imprensa. Logo o segurança nos disse que o credenciamento só iria começar uma hora mais tarde, porém, que poderíamos entrar e esperar, já que o frio e o gelo eram intensos. Havia outro rapaz, que estava em Las Vegas, também esperando, troquei duas palavras com ele, procurei uma tomada, e quando achei percebi, havia largado meus carregadores.
Achei que estavam no carro, deixei Ricardo, olhando as coisas e voltei, passando muito frio. As pessoas começavam a chegar, mas na minha sã consciência eu imaginava que ninguém ia pagar 35 dólares de estacionamento, e mais a entrada que não era barata, para sair de sua casa aquecida para ver touro pulando, mesmo sabendo do sucesso do evento e de toda a tradição, bem eu apenas ‘imaginava’. Cheguei ao carro e tive a certeza que os carregadores ficaram todos para trás. Mesmo sabendo que não existe, pedi proteção para Nossa Senhora da bateria fraca. Por sorte uma bateria externa me salvou, mas foi por pouco. Olhei um muro alto perto do carro, fui checar, era a entrada dos touros competidores e tudo mais. Era bem grande o buraco. Alguns competidores e profissionais chegavam, mas era frio demais para eu estar ali.
Vi uma camionete preta chegando, era J. W. Harris. Admiro demais esse cara, já disse isso. Mas, como estava frio demais, ele não saiu da camionete e eu, que não queria virar picolé brasileiro em plena América, marchei de volta a entrada que dava acesso a imprensa. Entre uma foto e outra e admiração pelo tamanho do estádio, notei que na entrada havia um cowboy e parecia ser competidor. Ao andar mais um pouco ‘parecia’ ser o João Ricardo, mais alguns passos e tive a certeza que era ele, sua esposa e sua filha. Ele estava ali tentando retirar seus tickets de acompanhante, falamos rapidamente. Tirei uma foto com ele, perguntei do touro que iria montar: “É bom, roda na direita”. Me despedi e voltei para o acesso ao lado do entra ‘K’.
Denise a assessora de imprensa já estava lá e desta vez já credenciamos. Descemos por um elevador que chegamos a uma sala. Logo vi meu amigo Justin Felisko escrevendo. (Ele sempre está escrevendo). Fui cumprimenta-lo, trocamos algumas palavras, dei uma fivela minha para ele. Procurei uma tomada para tentar carregar alguma coisa e quando percebi, todos da imprensa haviam saído seguindo Denise. Fui perguntando aos seguranças, junto com Ricardo e depois de um ‘trote’, alcançamos o grupo que entrava por um corredor. Em um acesso aos vestiários dos competidores não podíamos entrar. E ali passava um, outro, pessoal da imprensa pedia um nome e Denise trazia. Quando percebemos o movimento, pedimos João Ricardo, que nos cedeu uma entrevista. (Link abaixo). Em umas das perguntas, pedi para João Ricardo analisar seu ano (2015). “Não estou montando bem este ano” Em contrapartida foi confiante e disse: “Mas eu vim para surpreender, vou pra cima, estou preparado”. Apareceu por ali Alexandre Cardozo, estreante no Iron Cowboy, também falei com ele (link). Robson Aragão passou e nos cumprimentou. E assim foram chegando um a um, outros entravam, outras saiam outras dava entrevista. Fui dar um “oi” para J. W. Harris, logo Silvano passou puxando uma mala em rumo a arena, no mesmo minuto voltou, ele estava gravando algo, havia um Câmera o seguindo. E no mesmo minuto voltou para nos cumprimentar, e ficamos batendo papo, se juntou a conversa Rubens Barbosa e foi um papo informal e descontraído.
Chegou hora de voltar para sala de imprensa, que logo que me acomodei de novo, sai todo mundo atrás da Denise outra vez. Agora, ela mostrava os lugares que poderíamos ficar, eram muitos, ao contrário de Las Vegas, havia muito espaço e opções para trabalhar, embora eu acredite que havia mais imprensa do que lá. A abertura começou na sequencia e vou tentar resumir aqui os bastidores da vitória de João Ricardo Vieira. Logo após a abertura, ele João, foi o primeiro a se apresentar, o touro ‘Grandpa Joe’ que fez o que ele disse, veio na direita, ele fez a montaria com controle. Começava o Iron Cowboy, só lembrando, João defendia o título. O rodeio continuou e só as paradas passavam para a segunda fase. Dezesseis conseguiram essa missão. Entre o primeiro e segundo round, fui até a sala de imprensa, precisava respirar meus pés. Mas, logo voltei. No segundo round, João foi o quarto a se apresentar. Como disse, os touros da segunda rodada, ou round eram mais difíceis. João fez valer o ingresso das pessoas que ali estavam. Preciso dar uma pausa. Então, eu achei que não ia dar ninguém. Engano total e equivocado. Acredito que tinha 80% da lotação. E olha que preciso de outra pausa. O estádio do Dallas Cowboy é enorme, dentro dele, talvez se você for a um shopping de alta sociedade irá encontra algo tão belo, limpo e organizado como ele.
ENTREVISTA JOÃO RICARDO ANTES DO RODEIO
Enfim João Ricardo venceu ‘Bruiser’ por 90,50 pontos, touro rodando na mão dele, sua especialidade. Ali veio aquela impressão e ao mesmo tempo o pensamento: “Ele pode ganhar de novo” Só três sobreviveram ao segundo round, Um americano, Stetson Lawrence, que caiu rapidamente. Um canadense, Tanner Byrne que também não resistiu. João precisava dos oito segundos, e a confiança que ele havia mostrado na entrevista era visível, e assim que abriu a porteira, veio os três primeiros pulos, bem a minha frente. Na sequencia o touro entra na roda e aumenta a pressão. Já no quinto segundo, era previsível que o título era dele. Alegria de todos, alegria no Brasil, e alegria minha.
Embora tenha amizade com todos os competidores, uns mais, outros menos, João é pessoa com quem converso todo semana praticamente, com ele tenho uma afinidade maior, ou a maior afinidade é com ele. Essa amizade veio de algo que estranhamente não fizemos juntos, mas fizemos no mesmo lugar: Montar no Rodeio universitário. Eu ganhei 2000 e 2002, e João ganhou em 2003. Nos conhecemos e nos encontramos anos mais tarde em Barretos, em 2007. Nos afastamos um pouco, e depois que ele veio para a américa, voltamos a ter contato mais intenso. O último round foi generoso, afinal quando tem mais brasileiros o coração fica dividido, mas ali era só ele do Brasil, então assim como todos, naquele momento eu deixava o profissionalismo de escritor de rodeio e torci muito. Não sou de expressar isso, mas fique bem contente. Assim que ele desceu do touro os brasileiros entraram na arena o carregaram. Chegou alguém e acabou com a festa apontando que ele precisava ir ao centro da arena. Nesse momento Denise, me chamou e perguntou se eu queria falar com João, eu disse que sim. Ela me falou: “Você será o primeiro”. Iniciou uma corrida para dar volta a arena, encontrei os brasileiros e Justin e Lea Garcia procurando um tradutor. Guilherme indicou Paulo Crimber, que agora está morando aqui. Demos a volta e fomos direcionados por Denise até a “Chark Case” João dando entrevista ali, com a taça de campeão do mundo atrás dele. Eu era o primeiro da fila, coração acelerado. Quando acabou fui cumprimenta-lo, ele já deu a dica: “Ano passado eu ganhei sem parar nenhum touro, agora quero ver se alguém vai falar alguma coisa”.
Enquanto o entrevistava, Paulo Crimber traduzia para Justin o que conversávamos. E ficamos ali, e eu sem entender nada, a ficha acho que ainda não caiu, mas na minha segunda viagem aos EUA, presenciava de novo a vitória de um brasileiro, como Deus foi generoso. Ao acabar as entrevistas João convidou para jantar com ele, fomos há uma lanchonete, juntou-se a nós Paulo Crimber e Família, Renato Nunes e Família e outros mais. Ai entrar na lanchonete que estava repleta de ‘chapeludo’, uma mesa grande aplaudiu de pé João Ricardo, naquele momento, lembrei do Brasil, precisamos reconstruir a história do rodeio, em busca de fãs assim. A pior coisa que existe é a comparação, mas estamos anos luz atrás.
Eu moro no Brasil, eu vivo ai, ou lá, como queiram, mas estamos muito atrás e sem fãs, essa é minha preocupação. Voltando a lanchonete, uma garçonete veio toda envergonhada pedir autógrafo a Renato e João, João emprestou a caneta de Renato Nunes, e escreveu: João Ricardo Vieira, Irow Cowboy 2015. Na sequencia nos separamos, e como a neve havia cancelado nosso cronograma de sexta-feira, fomos a Fort Worth, conhecer o Billy Bobs, chegamos tarde, já estava fechando. Digo fomos, eu e Ricardo, os outros foram embora, uns para Decatur, outros ficaram, como João Ricardo que monta no The American. Chegando lá alguns brasileiros, alias, muitos brasileiros, diversos competidores da PBR, uns bêbados, outros não, e a música country rolando, uma cidade inteira de chapéu e cheia de bares countries, um sonho que acho que só vou acordar quando chegar ao Brasil.
Fiquei só uma hora, fecha tudo as 2:00 da manhã, os seguranças logo pediram nossa retirada, lá fora algumas garotas e garotos, nitidamente embriagado tacavam neve um no outro, mas quando a polícia surgiu, logo todos foram embora. Caminhamos até o carro, na certeza que o Texas existe, não é mais um sonho, era uma realidade vivida, e com toda certeza, valerá cada dólar pago ou a pagar.
ENTREVISTA JOÃO RICARDO APÓS VENCER O IRON COWBOY