COLUNA DE DOMINGO: COM O CAMPEÃO MUNDIAL DA PBR EDNEI CAMINHAS
Ele é campeão mundial pela PBR, casado, pais de duas filhas, 37 anos de idade. No Brasil, ganhou 19 motos, 11 carros, e uma camionete. Conversei com Ednei Caminhas durante o rodeio de Lagoa Dourada (MG), onde Ednei participou junto com a Cia Paulo Miranda. Ednei está com 17 anos de carreira, começou aos vinte. Em entrevista exclusiva ele fala sobre toda sua carreira. Confiram:
Quando você sentiu que poderia montar nos Estados Unidos, ou qual foi o motivo?
Eu estava entre os três primeiros no Brasil, ganhando prêmio toda semana, não sabia o que era ganhar terceiro, sempre primeiro e segundo lugar. Ouvia falar que o Adriano Moraes, estava montando lá, ganhava rodeio de US$40 mil dólares. Me interessei em montar na América, e quando estava em Barretos conheci Joana Bueno, uma brasileira que organiza rodeios lá, pagou as minhas despesas de viagem. Participei de dois rodeios, ganhei um e fui segundo no outro. Foi quando a Joana me disse que tinha um campeonato muito grande que era a PBR, isso foi em 2000. Ela me ajudou a entrar e no primeiro rodeio da PBR, nos dois primeiros, fiquei em segundo lugar em um e em terceiro no outro. Ganhei um rio de dinheiro, ai pensei: “Vou largar tudo e vou para a América”.
Sei que no primeiro ano de PBR, você dividiu o tempo entre EUA e Brasil. Já no seu segundo ano, você levou a esposa. A família é importante para se viver na América?
Eu acho que tudo tem que ter uma coluna. Se você fizer uma construção, e não tiver uma boa coluna não adianta. A mesma coisa é com caubói, em 2001 levei todos pra América, isso foi meu suporte e meu apoio.
Além de ganhar o título mundial em 2002, e fazer sua história com essa conquista. Você também fez história na PBR. Após ganhar o título antecipado, a partir daquele ano, mudaram o formato para que o campeão fosse conhecido somente em Las Vegas.
Eu fiquei um pouco chateado, mas, o campeonato tinha que crescer. Quem estava organizando, enxergou adiante. Por isso o campeonato está onde está. Na época conquistei o título um rodeio antes da final,e eles precisavam vender milhares de ingressos, sendo que os fãs já sabiam quem tinha ganho. Eles mudaram a regra para fazer um suspense, matematicamente muitos competidores chegam com chances na final, o que resulta em muitos amantes do esporte lotando Las Vegas.
Qual a emoção de colocar a fivela de melhor do mundo na cintura. Você assimilou isso rapidamente? Como é este sentimento?
A emoção é a maior, não existe outro título que seja mais importante que este. Milhares de competidores sonham com isso, e até hoje, só dezoito tiveram esse privilégio. Lá a fivela é superior o dinheiro, e ganhá-la, é um credenciamento, abre portas. Quando chego nos EUA para montar, os peões mais novos param, ficam admirando a fivela, é uma emoção muito boa.
Um exemplo bom é o J. W. Harris, eu o considero o melhor cowboy americano em atividade, tricampeão da PRCA (Professional Rodeo Cowboys Association), e não vai para a PBR, fica na PRCA. Isso faz parte da tradição da fivela?
Sim, você citou um nome fortíssimo nos EUA, J.W. Harris, que está na PRCA, que é a mais antiga associação, a mãe de todas as associações. E vou além, ele (Harris), ganhou títulos na PRCA que não é nada fácil. Na PBR é difícil, ser campeão mundial, mas, na PRCA é muito mais duro e ele já ganhou três, e deve ganhar mais ainda.
Após conquistar o campeonato mundial, em 2002, você praticamente deletou sua carreira aqui no Brasil, montou poucas vezes, a única participação sua na PBR Brasil, foi em Adamantina agora em 2012. Porque?
A gente tem que ter um objetivo, assim como alguém que entra na faculdade e se dedica naquele projeto. Quando entrei na PBR/USA só pensei em viver naquele mundo. Porém, nunca esqueci do Brasil, foi aqui que aprendi a montar, tanto que estou montando agora no Brasil. Em relação, a PBR Brasil, eu já montava lá, e optei por ficar lá mesmo, não tive interesse em vir.
Você está com 37 anos, montando bem, agora mais no Brasil, como está adaptação neste retorno, rosetas, touro e tudo mais?
A mudança é muito difícil, não só pra mim, como os outros competidores que retornam nos EUA, em Adamantina, eu cai de dois touros seguidos, e estava conversando com o Rubens Barbosa, ele me disse: “Não se preocupe que eu cai de onze para me acostumar” E claro tem a diferença entre os touros brasileiros e norte-americanos. Mas, graças a Deus está dando tudo certo, nas três primeiras semanas de volta ao Brasil entrei em duas finais, um terceiro e um campeão. E já estou me preparando para Barretos.
E o desafio contra o touro Bandido? Ele era diferente?
Ele era e se tivesse vivo, seria ainda diferenciado e respeitado. Não era um animal complicado de ser montar.
Se tivesse que começar tudo de novo, o que você faria ou não faria de novo?
RS. Boa pergunta. Tem muitas coisas que a gente pensou errado. Só tenho mais a agradecer, não errei muito, acho acertei bastante nas minhas decisões, sempre amparado com minha esposa.
Ednei Caminhas é polêmico?
Rs. (Pausa) Vou deixar no ar essa pergunta.
O que você tem a dizer para todas as pessoas que te apoiaram em toda sua carreira?
Primeiramente agradeço a Deus, sem Ele não acontece nada. E segundo minha esposa, ela que sempre me apoio, incentivou para que eu fosse montar nos Estados Unidos, e meus pais, devo minha vida a eles.
Os fãs de Ednei Caminhas podem contar com ele montando até quando?
Pode contar, como eu estava te dizendo, minha aposentadoria vai ser uma surpresa. O rodeio está no meu sangue, eu tentei aposentar um ano (2008), quando vi que não conseguiria ficar em casa. Voltei a montar. E agora estou me sentindo muito bem, é meu último ano nos EUA, em 2013 eu mudo em definitivo para o Brasil, vou matar a saudade dos amigos aqui, e não sei, vou tentar levar mais uns dois ou três anos. Mas, vai ser surpresa.
Valeu a pena todos esses anos na América?
Valeu muito a pena, foi uma experiência muito boa, tanto pra mim quanto pra minhas filhas.
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Por Eugênio José – MTB: 67.231/SP
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