COLUNA DE DOMINGO – ENTREVISTA COM EDEVALDO FERREIRA
Durante o lançamento do AIR (Adamantina Internacional Rodeo), encontrei com o atual campeão da PBR Brasil, e o mais novo milionário do rodeio, Edevaldo Ferreira de Andradina (SP). Confira a entrevista:
EJ: Edevaldo com que idade você começou a montar?
EF: Comecei a montar com 17 anos, ainda não tinha muitas oportunidades de montar, era menor de idade, meu pai até me acompanhava, porém, as comissões não me deixavam competir. Acabei começando no rodeio profissional com 18 anos.
EJ: Qual foi seu primeiro rodeio profissional?
EF: Eu montei em dois rodeios na região do Paraná, próximo a divisa do estado de São Paulo. Mas, o primeiro rodeio que eu consegui me classificar para a final, foi em Guaraçai (SP). Ganhei neste rodeio meu primeiro prêmio, ficando na segunda posição, faturei R$2.000,00, lembro como se fosse hoje.
EJ: Quanto você já faturou no rodeio?
EF: Eu ganhei um carro e doze motos. Dinheiro não tem como precisar, mas, antes de entrar na PBR, eu ganhava cerca de 50 mil por temporada. Depois passei a faturar em média 100 mil reais/ano. Único ano que eu tenho um número mais preciso foi 2011, ganhei 86 mil reais e mais um milhão de reias por ser campeão da PBR Brasil. Em rodeio abertos, ganhei uma moto em Umuarama (PR), e mais 20 mil reais como campeão de Colorado (PR), sou também recordista de título da PBR Brasil.
EJ: Em algum momento difícil de sua carreira, pensou em parar?
EF: Olha teve sim, um momento bem difícil na minha vida. Em certos momentos a gente começa a cair dos touros, porém, isso é superável, é só treinar e se dedicar que se resolve. Mas, o momento mais difícil da minha vida foi em 2004 quando perdi meu pai, ele veio a falecer e estava sadio, inteiro, andando e trabalhando, e sofreu um enfarte fulminante. Sem tempo de reação nem pra mim, e nem para a minha família fazer nada, então eu acredito que esse foi o momento mais duro da minha.
Se alguém perguntasse assim para mim; “Edevaldo você trocaria esse milhão de por mais dez anos de vida ao lado do seu pai?” Minha resposta seria sim, eu me emociono quando eu falo disso porque, tudo o que eu sou hoje eu devo ao meu pai, ele sempre me apoiou, me ensinou a montar, me ensinou a fazer a coisa certa, eu acho que ele é responsável é direto pelo meu sucesso, então perder ele foi o momento mais difícil, foi a única vez que eu pensei: “vou desistir”.
EJ: Você ganhou u milhão, mas, teve uma contusão na mão, inclusive eu tive a oportunidade de estar presente em um rodeio aberto em Junqueirópolis (SP) quando você esta voltando. Por ficar um bom tempo sem montar, você achou que ali teria chances de perder, e não conseguir mais o um milhão? O que passou em sua cabeça quando teve que ficar parado?
EF: Eu vinha revezando entre quarta e terceira posição no campeonato. Na etapa de Primavera do Leste (MT), no primeiro dia, eu quebrei o dedo. Consegui parar no touro, mas, na hora de descer, eu me compliquei, tomei uma pancada em cima dele ainda, era um boi meio perigoso, e eu cai, e eu não me lembro onde eu bati o dedo, porque cai um pouco tonto e senti o dedo doendo.
Com o dedo quebrado eu tinha duas opções: Abandonar o rodeio e tratar, ou continuar com o dedo quebrado e tentar melhorar minha posição no ranking. Como Deus, escreve certo por linhas tortas, tomei a decisão que parecia ser a decisão errada. Continuei montando e no final do rodeio meu dedo estava fraturado em três lugares. Porém, consegui ganhar o rodeio. E a PBR teve um recesso de trinta dias, foi quando em pensei: “Meu Deus vai ser o tempo que preciso, (trinta dias) para recuperar o dedo”. O duro foi ficar esse tempo me casa, parece que foi um ano.
Você acompanhou Eugênio, minha volta em Junqueirópolis foi o primeiro rodeio que eu voltei a montar sem treinar sem nada, não fui bem lá, mas, acreditei, embora chegasse a pensar que aquela fratura poderia me distanciar do titulo. Como sempre as pessoas que estavam por trás, minha família, minha mãe, meus irmãos, e principalmente minha esposa que não tenho dúvida que ela ganhou esse campeonato junto comigo, pois, ela acreditou muito e mim e isso me ajudou bastante.
EJ: Hoje você é um milionário. O que muda na pessoa do Edevaldo?
EF: Toda vida minha familiar foi no sitio, humilde, então eu tenho comigo de não antecipar nada, tento ser a mesma pessoa, logico que aparece novos amigos, e eu trato todos bem. Porém, aqueles amigos antigos, esses são os que vão ficar sempre, eles estavam comigo sempre, eles me acompanharam, falavam comigo. Se você tiver a oportunidade de conhecer eles, você vai ver que eles conversam comigo todo dia, e eu do muito valor a esses amigos antigos, aparece também muitos amigos com segundas intenções, mas, aparece amizades boas também, e com certeza muitas coisas boas mudaram. Sou convidado para quase todos os eventos que tem rodeio no Brasil, infelizmente não posso ir a todos, o dinheiro ajuda bastante mas, eu tento ser a mesma pessoa, não é por que eu ganhei esse premio que eu vou me encostar-se a alguém para tirar proveito, essas coisas não, e quem me conhece sabe disso, esse meu jeito simples e eu consigo ser a mesma pessoa que eu era antes.
UMA MANEIRA DIFERENTE DE COBRIR RODEIOS: FLASHES DE ARENA (OUÇA)
EJ: Agora uma pergunta que o Brasil todo quer saber. Você estava classificado para disputar o mundial pela PBR nos EUA pela BFTS e você resolveu ficar aqui no Brasil. Por quê?
EF: Como eu fui campeão da PBR Brasil esse ano, eu pensei o seguinte. Estou classificado o ano inteiro lá nos EUA inclusive para a final mundial. Pensei com os pés no chão, aqui no Brasil eu tenho mais chances de novamente tentar ganhar esse milhão, não vou falar que vou ganhar de novo, pois, eu ia estar me exaltando, mas, aqui eu tenho mais chances de disputa, não preciso de adaptação, já estou adaptado. Vou começar o ano aqui, se até a metade do ano, eu sentir que eu tenho chances reais de ganhar novamente o campeonato eu continuo aqui, caso eu tenha uma grande distancia do líder, eu vou pra lá, e termino essa temporada lá, faço a final, e ano que vem eu começo montando lá, mas, por enquanto vou ficar no Brasil acredito que esse seja o meu ano aqui no Brasil, eu sou o campeão da PBR e eu vou ter esse privilégio de ir a alguns rodeios que eu não tive a oportunidade de montar, e esse ano eu vou conseguir. Por enquanto eu estou com os pés no chão vou continuar aqui, porém, é um sonho para eu fazer uma temporada nos EUA.
Fotos: Edevaldo Ferreira no final da PBR Brasil – Crédito: André Silva
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Por Eugênio José – MTB: 67231/SP
Colunista Esportivo