Entrevista com laçador do Team Roping Caio Proença
Pegar a estrada e seguir um destino rumo ao sucesso faz parte da vida de muitos esportistas, mas, para quem pratica a o Laço em Dupla (Team Roping), cavalo e trailer são companhias indispensáveis para a viagem de todos os finais de semana, de prova em prova, de pista em pista os laçadores buscam a superação própria montados e animais treinados para isso: Superar Limites!
Na arena coberta do Rancho Quarto de Milha, em Presidente Prudente (SP), talvez a ‘Meca’ das provas cronometradas no Brasil, acontecia mais uma prova de Team Roping e ali estava eu mais uma vez em busca de mais uma história, sei que por ali passaram todos os anos todos os grandes nomes da modalidade, incluindo o atual líder do campeonato mundial da PRCA nos EUA – Júnior Nogueira.
Aliás, o desempenho de Junior Nogueira que este ano completará sua terceira final mundial aqueceu e muito o mercado do Team Roping no Brasil, mas eu não estava ali para falar de quem passou e sim de quem estava lá e, eu já tinha um nome: Caio Proença, laçador profissional de 21 anos, casado, residente na paranaense cidade de Goioerê, no Paraná.
Quando nos referimos ao Laço em Dupla (Team Roping) sabemos que precisamos definir, separar, qual setor o competidor participa/laça. Pé ou Cabeça? Pezeiro ou Cabeceiro? Caio Proença faz as duas coisas e, faz as duas muito bem.
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Ele é uma mistura de promessa com experiência. Filho do renomado laçador Anderson Proença, ele cresceu com o cavalo a sua volta e ainda menino, aos seis anos de idade ele já participava de provas.
Iniciou como cabeceiro, e já aos onze anos de idade conquistou sua primeira moto da carreira. A decisão pelo mundo equestre exigiu alguns sacrifícios e decisões, mas ele não se intimidou Caiu na estrada, literalmente. Ministra cursos, prepara animais e os vende, participa de provas e vive assim.
A prova em Presidente Prudente aconteceu em três dias, no primeiro dia na disputa profissional, Caio já havia ganhado um carro zero km na somatória onze com Lucas Santos.
Ele completava ali o seu 12º carro da carreira. Ele conquistou ainda 26 motos, uma camionete e três trailers, dezenas de títulos nas mais renomadas provas e uma boa quantia em dinheiro.
Durante quinze minutos, que eram os únicos naquela tarde/noite livres para Caio eu o entrevistei.
Quando começamos a entrevista, ele estava dando água para seu cavalo, com dois minutos cravados de entrevista alguém chegou e já foi desapertando a barrigueira da sela, pegou o animal e levou.
Caio ficou conversando comigo com um laço na mão, no áudio é possível ouvir ele manuseando seu instrumento de trabalho o tempo todo. Confira entrevista:
Sei que compete desde os seis anos de idade, mas desde quando você está firme no profissional correndo toda semana?
Tem uns quatro anos que estou direto nas grandes provas, laçando toda semana praticamente.
Qual é sua rotina de treino?
Todos os dias treino três cavalos de pé e três de cabeça, pelo menos dez bois cada um. Boa parte desses animais são animais de clientes.
Laçar pé ou cabeça? Qual você prefere mais?
Eu gosto um pouco mais de laçar pé, atualmente eu estou laçando mais pé, até porque eu estou sem cavalo de cabeça meu, mas treino e uso dos clientes que deixam comigo.
Caio Proença vive de prova ou de venda de animais?
Acho que eu posso resumir dizendo que vivo do cavalo. Lançando, vendendo, dando curso, minha renda está em torno do cavalo.
O que você pensa sobre o futuro do Laço em Dupla no Brasil?
Eu acredito que melhorou muito, havia muita falta de padronização nos eventos, sem pontualidade com os horários, de boiada desigualada. De dois anos para cá, o laço em dupla melhorou e evoluiu muito no Brasil.
Me fale um nome brasileiro e num nome internacional que você se inspira:
Brasileiro é o Junior Nogueira (testinha). Nome internacional, eu gosto muito do tricampeão mundial (2005, 2013 e 2014) Clay Train, acho ele muito regular.
Laçadores que você admira aqui no Brasil?
Rodriguinho Teodoro, Londrina e o Luquinhas do Santos de Astorga (PR), ambos são cabeçeiros
Qual foi a prova mais difícil que você venceu?
Teve uma prova em Ibirarema do campeonato Yes Team Roping em 2014, foi uma prova que fiquei muito feliz por ter ganhado ela, já que foi muito disputada.
O que você pensa ou projeta de sua carreira no futuro fora do país?
Eu já morei nos EUA um ano. Eu acredito no máximo em dois anos quero correr lá novamente, tentar entrar na PRCA, correr algumas provas por lá. Estou com esse planejamento.
O que você ainda não conquistou no Brasil?
Não sei te dizer ao certo, mas tem muita coisa a se conquistar aqui ainda.
Em algum momento você pensou em desistir, parar de laçar?
Teve sim. Eu laçava cabeça, ainda não tinha experimentado laçar pé. Eu perdi minha égua de cabeça. Fiquei como se diz no ditado popular a pé. Naquela época eu pensei em desistir.
Nesses momentos que as coisas não dão certo. Onde correr? Quem consultar?
Toda vez que estou com problemas corro no meu pai e no José Soares, laçador muito conceituado de Presidente Prudente (SP), eles sempre me socorrem, dão conselhos, mostram meus erros e me colocam no trilho de novo.
O que ainda falta para a modalidade Team Roping no Brasil?
Acredito que limitar, diminuir as inscrições, assim teríamos animais mais competitivos. Principalmente nas provas grandes. E acredito também que a valorização dos patrocínios, injetar um pouco mais de dinheiro, temos caras laçando aqui no Brasil, tão bem como os americanos tem lá, então precisávamos seguir um pouco mais a linha americana de investimento nos laçadores.
Com quem você tem mais entrosamento e tem ganho mais provas?
Marcelo Silva, e Leandro quando estava laçando mais como cabeceiro. Como pezeiro está variando, cada hora com um. Como você percebeu não temos um parceiro certo, vai muito do bater o dia dos dois.
Laçada da vitória em Presidente Prudente
No Team Roping existe aquela coisa de um competidor iniciante querer laçar com alguém mais de nome, profissional. Você aceita isso sempre?
Sim, não vejo problemas. Até porque eu sou vendedor e treinador de animal. A gente que está o meio tem que estar envolvido, muitas vezes alguém se interessa por um animal ou em realizar um curso. Vivemos disso, temos que estar envolvidos. Estou sempre aberto a quem quer laçar comigo.
Caio laçando no Rancho Quarto de Milha
Se fatura mais laçando ou vendendo animais.
Prova é uma loteria, as vezes você ganha um dinheiro bom em uma prova, se ficar outras sem ganhar já perde tudo. Mas uma coisa leva a outra e as duas me sustentam. Na verdade, três, porque tem os cursos também.
Onde acontecem as grandes provas? Onde você mais atua?
São Paulo e Paraná são os estados com mais provas, já cidade, pelo menos que eu participo mais é aqui em Presidente Prudente (SP).
Os cursos que você dá também são concentrados nestes dois estados?
Não, já andei o Brasil todo dando curso, Tocantins, Rondônia, Espírito Santo, vários estados.
Como é ser professor tão novo?
É muito prazeroso, principalmente quando você consegue ver o laçador melhorando, absorvendo aquilo que você está passando.
Existe algum aluno que já se destacou nas provas após ter passado pelo curso?
Sim, graças a Deus pude ver o crescimento de vários deles, mas no momento estou gostando de ver os resultados do Felipe Rutowitsch ele venceu um importante rodeio este ano em São José do Rio Preto, venceu a Copa Petróleo, foi reservado campeão nacional pela ABQM. Ele, Felipe laça com seu irmão Eduardo que também vem conquistando bons resultados na CPLD Brasil e Copa Petróleo, ele mudou para cabeça e vem se dando bem.
O Diego Silva, venceu a disputada Prova do Issao aqui em Presidente Prudente, da categoria incentivo faturando um carro zero km e o meu irmão Tiago Proença de 14 anos, cabeceiro, ele sempre vem comigo, mas desta vez ele tinha prova. Ele vem evoluindo muito, tem me dado muito orgulho.
Quando a prova é longe você vai, ou fica nas mais próximos da sua casa?
Para quem é profissional tem que viajar, acho que o Team Roping é o único esporte onde quanto mais profissional você fica, menos provas há para competir. A Maioria das provas são somatória oito, são poucas as provas somatória onze, e quando tem a tente tem que ir atrás, não importa a distância.
Você já se acostumou com essa vida no Trailer?
Quando eu não viajo, no final de semana, parece está faltando alguma coisa. Isso já faz parte da minha vida.
Se você pudesse voltar aos seis anos de idade e pudesse escolher novamente seu destino e retomar todas as decisões que você tomou. Como seria o Caio Proença hoje?
Seria o mesmo que você está entrevistando, com a mesma história, pois eu faria tudo que fiz de novo e tomaria todas as decisões que tomei, não há arrependimento, só agradecimento a tudo que fiz e conquistei.