THE AMERICAN: Bastidores da vitória de Silvano Alves no Texas
Já se passaram alguns dias do The American, na verdade já se passou mais de um mês, já sabemos que Silvano Alves foi campeão na modalidade touros, já assistimos o vídeo, muitos assistiram ao vivo. O que poucos sabem é o que vi lá ao vivo, sendo assim, estou aqui para contar.
Quando se viaja para outro país, estamos sujeitos há muitas coisas, uma bem comum é, você faz uma compra e seu cartão de crédito não passa. Quem nunca passou por uma dessas. Ai você entra em outra loja 50 metros dali e o mesmo cartão é aceito. Irritante.
O que eu passei desta vez no Texas foi algo inesperado e que impediu por exemplo, de publicar este texto bem antes. Meu site não autorizou eu publicar matérias, já que eu estava fora do país. Cada coisa!
O texto do João Ricardo tive que contar com o auxílio do Marcio Munhoz, para postá-lo. Mas, o resto não deu, por vários fatores.
Enfim, aqui estamos, vamos voltar no domingo, dia 01 de março de 2015. Postei o texto acima (João Ricardo) pela manhã e parti de Dallas até Arlington, meia hora de carro, mais 15 minutos de entradas erradas, etc. Tudo culpa do GPS. Risos.
A neve não caia mais, porém em alguns lugares, ela ainda estava lá, branca no chão. Agora o frio era intenso e insuportável. Entramos no mesmo local do dia anterior para cadastrar pela imprensa.
A medo era grande, afinal, não era PBR, eu não tinha amigos e muito menos pessoas que falassem português.
Entrei, peguei a credencial, sempre falando “Meu inglês é limitado”. Com fé e coragem, encontramos Julie Mankin, pessoa com quem fizemos contato. Falo no plural porque tudo que vivi lá foi em companhia do Ricardo Sabino. Ela nos perguntou se queríamos ficar na arena e minha resposta foi sim. Foram-nos dadas credenciais de fotógrafos. (Começava ali meu drama e eu nem sabia).
Logo alguém nos levou a sala de imprensa, ao contrário do dia anterior (Iron Cowboy), era para cima o lugar. Confesso que a visão era privilegiada.
Logo que chegamos, para nossa sorte um cara olhou para nós e disse em português: “Pelo jeito perdido vocês são do Brasil”
Bingo, somos sim meu amigo. Foi nossa sorte mesmo. Era um fotógrafo brasileiro que vive no Texas e é envolvido com o mundo dos cavalos. Lá ele é conhecido como “Bee Silva”.
Ficamos ali batendo papo até que alguém nos chamou para descer. Passamos pelos elevadores e corredores do Estádio do Dallas Cowboy até chegarmos a arena, pelo caminho inverso do dia anterior.
Logo vi que no local que ficamos no dia anterior, estava reservado para o pessoal das provas e já imaginava como seria: Apertado e com o dobro de pessoas.
Ali ficamos eu estava prestes a presenciar um grande evento. Opa! Pera ai! Não era só isso.
Durante quase uma década eu escrevi nomes de pessoas que só vi/li em site, vídeos revistas. Era a hora de ver de pertinho todos eles/elas.
Voltando lá, vi Guilherme Marchi, logo vi Marcos Costa, que conheci na volta da viagem de Las Vegas, ele iria representar o Brasil no laço em bezerro. Bati uma foto com ele que estava apressado.
Logo vi ao fundo toda colorida Falon Taylor, na sequencia encostou Silvano Alves, Guilherme Marchi junto com Justin McBride para um link, seis título mundiais juntos. Só observei.
Começou a abertura. E vou direto para a apresentação de alguns competidores, não foram todos que subiram a rampa.
Para quem não viu, ou assistiu, ele vinham de trás de uma cortina preta, pararam enquanto era anunciado seu currículo.
Esse “pararam” era bem na minha frente. Meus amigos, quando anunciaram nomes como Trevor Brazile, Tuf Cooper, Cody Ohl, Mary Walker, não teve como, não teve jeito, as lagrimas vieram a tona. Não consegui bater uma foto que prestasse, de tão emocionado e perdido que fiquei.
Foi o MAIOR MOMENTO DA VIAGEM, pelo menos pra mim, emoção que jamais esquecerei.
Todos voltaram e vi o lado que seria a modalidade bareback, tinha pela frente horas em pé e muitas montarias para filmar, e pouco lugar para disputar com os amigos da imprensa.
“Bee Silva” ficou sempre conosco, quem bom, o episódio a seguir foi sinistro. Estávamos posicionados, credenciados e felizes filmando o Bareback, até que chegou um senhor e disse: “Sem câmeras profissionais vocês não podem ficar aqui”. Mostrei a credencial que me dava direito a ficar ali. Nada adiantou.
Fiz de conta que não entendi, mas ele não deu trégua e saiu como se fosse conversar ou chamar alguém.
A verdade verdadeira era que eu não estava entendendo bem. Nesse momento “Bee Silva” gentilmente foi lá e falou em Inglês: “Os caras vieram do Brasil, dá um trégua para eles”. A tática dele deu certo, me liberaram com meu Ipad. Eu já não gostava de câmeras, deste dia em diante passei a odiar.
O que acho um absurdo é que tinha várias pessoas com a tal câmera, mas não sabiam tirar foto. A cada abrir de porteira se ouvia o disparo parecendo uma metralhadora.
Dá próxima vez vou emprestar uma e fazer a mesma coisa, assim até eu sou fotógrafo. Bom isso não leva a nada. Vamos voltar aos relatos interessantes.
O importante que este dia eu trabalhei meio hipnotizado, vendo aqueles caras em ação, tudo ali bem pertinho, às vezes, 50, ás vezes 10 metros de minha frente.
As modalidades foram acontecendo e o brasileiro Marcos Costa não conseguiu avançar na modalidade Laço em Bezerro.
Já na modalidade Laço em Dupla, fazendo par com Jake Barnes, Junior Nogueira o ‘Testinha’ mostrou que está mais do que preparado lá na América.
Ele foi determinado e quase atropela o boi de tanta vontade de laça-lo, fez o segundo menor tempo da classificatória garantindo vaga na final.
A admiração continuava em cada modalidade. O estádio estava cheio, mais que no dia anterior, aproximadamente 42 mil pessoas.
Meu amigo da colunista da PBR Justin Felisko chegou, atenciosamente me mostrou os touros que os competidores iriam montar, na lista que tínhamos em mãos não havia essa informação.
Perguntei a ele quem ganharia, ele me apontou na lista Silvano Alves e J. W. Harris. Ele me olhou com cara de quem queria dizer: E Você? Eu pra falar alguma coisa disse: Sinto que hoje vai ser o dia do Harris.
Chegou o rodeio em touros e os brasileiros foram caindo um a um, pensei, caramba já era. Harris marcou a melhor nota da classificatória. Pensei, estou bom de palpite, pelo menos isso. Só pensei.
Ai começa a história de um cara predestinado a vencer. O locutor falou alguma coisa. Vale lembrar que quatro passariam a final, porém só três pararam. Fiquei pensando quem entraria ou, se ninguém entraria nessa quarta vaga.
Voltando ao locutor, percebi que ele falou o nome de Silvano, achei estranho e desconfiei que ele estava falando da vaga.
Olhei para Silvano que ao mesmo tempo que estava perto estava distante e vi que ele olhava para o telão com cara de espanto.
A regra dizia que em caso de empate não haver todos para a final, o regulamento funcionava assim: O melhor ranqueado da PBR em 2015 ficaria com a vaga.
Comentei com alguém que eu acho que era o Justin: “Olha o Silvano ganhando”.
Vou resumir. Todo mundo caiu, mesmo Silvano, mas quase caiu. É confuso, mas vou explicar.
Ele montou e já perto dos oito segundos, ele caiu. Ele ameaçou levantar a mão para comemorar e baixou. Dúvida! Havia ou não dado o tempo?
Silencio total, quando a imagem mostrava a mão de Silvano, a calça de couro tampava, mas o cronômetro gravava nos oito segundos. Enfim deu o tempo, Silvano comemorou, mas ainda havia outros competidores a montar, entre eles Harris.
Meu amigo americano Jason Malone fez uma boa montaria, achei que parava, mas não parou, se parasse superava os 88 pontos de Silvano.
Restava Harris, nessa hora como brasileiro, deu medo, como palpiteiro e profissional achei que poderia acertar aposta com Justin. O touro veio na direita com Harris dominando, pensei já era, o touro como se pudesse falar comigo disse: “Já era nada, tenho um trunfo guardado antes dos oito segundos’. Quebrou a roda, inverteu o sentido do giro, em resumo, derrubou Harris.
O The American na modalidade touros era um brasileiro, Silvano Alves, ele ganhava 100 mil dólares.
Silvano veio correndo a pé com alguém o apressando, e subiu onde estava todos os outros campeões de todas as outras modalidades.
Era liberado pela imprensa para subir, nas outras vezes aproveitava que boa parte subia e me posicionava para a próxima modalidade, desta vez não havia mais modalidade.
Me direcionei para subir. Pisei o primeiro degrau e veio o: “Sem Câmera não”. Me irritei, mas parti para o lado sentimental.
“Poxa eu vim do Brasil, viajei 30 horas de avião para este momento, por favor, deixa eu subir” Dessa vez não teve jeito, a resposta veio mais forte: “Sem Câmeras não”
Nesse momento minha raiva era tanta que meu inglês funcionou perfeitamente e, não vou escrever o que eu falei para aquele rapaz.
Mas, sabia que não teria problema em tirar foto de Silvano. Nesse momento, entre as fotos com todos os campeões e a coletiva de imprensa, havia um tempo pequeno, e muita gente famosa zanzando ali.
Um profissional credenciado não pode estar tirando fotos com os competidores, mas nessa hora, já que eu ‘não tinha a câmera’ parti para a tietagem.
E já começou com o próprio Silvano que estava sentado com a família junto com os outros campeões.
Logo encostou Tuf Cooper para conversar com Silvano e Evelyn, já dei sinal para a mulher do Silvano que queria uma foto. Logo pedi para uma mulher que estava com Tuf, talvez a mãe dele, para tirar uma foto, expliquei que era do Brasil que havia escrito sobre ele várias vezes, etc. A mulher que segurou meu Ipad, tirou umas oito fotos. Legal
Trevor Brazile passou por ali, quase consegui uma foto, mas alguém (O mesmo cara que me da câmera) o arrastou para a coletiva de imprensa.
Chegando à coletiva, que era do lado, pude conversar com Silvano e Evelyn, calmamente, fui lá dar um abraço no meu amiguinho Eduardinho, filho de Silvano.
Justin e Denise (assessora de imprensa da PBR) estavam por ali, ficamos conversando, o brasileiro Eduardo Aparecido também estava lá. Logo chamaram Silvano para a coletiva.
Sentei em uma cadeira ao lado de Justin. Silvano nos viu junto e sinalizou que não era para perguntar nada para ele.
Sinalizamos de volta que faríamos cinco perguntas cada. Silvano entrou em desespero dando risada.
Fizemos um combinado, se não perguntássemos nada, ele falaria com os dois após a coletiva. Achamos a proposta interessante e aceitamos.
O primeiro a falar foi Randy Bernard, idealizador do evento, agradeceu os patrocinadores, falou por cerca de 5 minutos, não pude entender muito, se é que vocês me entendem.
Os campeões de cada modalidade foram falando um a um, o último foi Silvano. Um detalhe é que nenhum jornalista fez nenhuma pergunta a ninguém, o intermediador já fazia uma pergunta e acredito que serviu para todos.
A coletiva se encerrou. Silvano logo fez a pergunta para mim e Justin. “Falei bem”?. Sinalizamos que sim.
Justin e Denise entrevistaram juntos Silvano com dois gravadores. Chegou minha vez, enfim, a entrevista está aqui para ouvirem, já que não a divulguei também.
Acabou a entrevista, um pouco mais de conversar com Silvano, chegou a hora de sair, poucas pessoas estavam ali e o caminho de volta para a sala de imprensa sabe Deus como seria.
Antes vi o campeão da Sela Americana Wande Sundell, aliás bicampeão do The American, monta muito, consegui uma foto. Foi maravilhoso.
Grudei igual chiclete em Justin e Denise, seria a minha única solução para voltar e achar a sala de imprensa.
O segurança logo impediu de voltar para a arena, rumamos por um caminho que não deu certo, voltamos e Denise conversou com jeito para nos liberar, cruzamos a arena que, acreditem, já estava quase toda desmontada.
Como estávamos com Denise, ela usou o mesmo caminho que ela fez conosco um dia antes, chegamos a sala de imprensa, despedi dela e de Justin, peguei minha mochila.
Conversei um pouco com Julie Mankin, agradeci a oportunidade, e falamos alguma coisa. Pegamos carona com um grupo que estava saindo, afinal até a porta de saída havia ainda uma longa jornada de elevadores e corredores.
Saímos, lá fora frio e certa tristeza, afinal os rodeios da viagem se acabaram e, de forma muito rápida.
Em uma breve reflexão no frio de menos dois graus até o carro, pude observar como Deus foi generoso. Era minha segunda viagem na América, em três importantes eventos com brasileiros (Fora San Antônio). Três vitórias nossas. Silvano campeão do mundo em outubro, João Ricardo campeão do Iron Cowboy, e Silvano Alves campeão do The American. Foi tudo lindo e maravilhoso e não teve como não olhar para o céu nublado de Arlington e dizer. Obrigado Deus.
Entramos no carro, só tinha o nosso lá, e fomos deixando para trás o estádio gigantesco do Dallas Cowboy, e tudo se terminava naquele instante. Pelo menos a parte de rodeios.
Este texto ficou no meu computador, desisti dele, muitas vezes, mas achei que não era justo.
Infelizmente, como já se passou mais de 30 dias, uma triste notícia, chegou na ultima semana, a pessoa da imprensa que nos atendeu, Julie Mankin, dona de uma simpatia impar, um sorriso formidável, além de um profissionalismo admirável, sofreu um acidente automobilístico muito sério e até a finalização deste texto, seguia na UTI de Dallas. Embora houvesse uma recuperação, seu caso ainda respira cuidados. Com fé em Deus dará tudo certo. Ela precisa de 50 mil dólares para o tratamento e seus amigos já arrecadaram 24 mil. Quem se sentir tocado Segue link para doações. É possível fazer com cartão de crédito, eu fiz sem problemas.
O Iron Cowboy e o The American é uma viagem que vale a pena, falo com toda certeza, é uma experiência fantástica. Agradeço a Deus, minha esposa e meus patrocinadores pelo suporte em mais uma viagem para a América.
Uma pena no Brasil, este tipo de cobertura não ter valor, fiz um investimento que não sei que um dia terei retorno, mas fiz, afinal sou apaixonado pelo esporte, valeu cada minuto, cada medo, cada sufoco, cada conta a pagar, afinal viajar para a América não são só flores, gostaria de ir mais vezes, porém, o dólar não anda muito amigo.
Usando a frase de um amigo: “Eu acredito nos meus projetos”. Vou continuar, um dia, seja lá quando for um grande site vai olhar este esforço e vai me contratar para fazer essas coberturas. Sonhar não paga, então continuo sonhando firme.
Enfim, fui e faria tudo de novo. Agradeço de coração a parceria com o Ricardo Sabino, foi ele quem me colocou pilha para ir. No começo parecia uma loucura, na realidade foi muito louco, e agora é uma loucura realizada.
Não posso deixar de agradecer também de maneira alguma a Cristiane Santana, brasileira de Goiânia que mora em Dallas, que nos atendeu, socorreu, acolheu, amizade para vida toda. Jeremias te mandou um abraço Cris. E ao Alexandre Cardozo que no último dia nos levou para conhecer algumas lojas e lugares mesmo com o pé dolorido. Enfim valeu a pena, demais. Agradeço também os competidores brasileiros pela generosidade de nos atender, compreender e reconhecer o nosso esforço de ir até lá falar deles. Muito obrigado de coração.