Quantos competidores teriam chances de título se José Vitor Leme não estivesse montando?
Você pode até achar injusto que um campeonato de rodeio, seja decidido em um evento, na final.
Porém, infelizmente para você que discorda desse formato onde os pontos se multiplicam, o dinheiro é muito maior, será sempre assim.
Um campeonato é um negócio onde o produto a ser alcançado é o expectador. Nos EUA, isso é mais forte ainda, é mais comercial e temos um público direcionado.
Não sei precisar um percentual, mas 98% dos eventos, as pessoas que estão sentadas na arquibancada estão para ver montarias, provas, enfim, a competição.
E quando se fala em competição, a final de um campeonato, é o evento, etapa de maior valor, em todos os sentidos, desde premiação, emoção, decisão, e também de público, a competição, disputa precisa acontecer e é também o melhor evento para venda, comercializar.
Um milhão de dólares, para o campeão da PBR, 13 milhões de dólares em dez dias de NFR na PRCA, 200 mil reais para o campeão do Circuito Rancho Primavera, um carro para o campão do Circuito X, ou uma moto para o Circuito Y.
Não, importa, essa quantia, a grana não cai do céu. É preciso vender, tanto aqui como lá, sim é preciso propaganda, comercializar, há uma série de itens, a serem observados, há uma série de recursos a serem captados.
Então a final de um campeonato de rodeio, ou montarias, ou provas, enfim, é o evento do ano onde a disputa precisa prevalecer.
Quando isso é quebrado, quando a final já chega decidida, ou com poucos concorrentes, há um prejuízo comercial muito grande.
Vamos no exemplo mais comum. A cidade de Las Vegas, patrocina uma série de eventos, esportes para que façam sua final em Las Vegas, que é uma cidade turística, que tem uma lei que permitem jogos cassinos etc. Ela patrocina a PBR para estar lá, a PRCA, a IPRA, enfim vários campeonatos de rodeio, sem contar outros esportes.
Nesse cenário chega a PBR em 2002, com Ednei Caminhas como campeão mundial antecipado, tudo já definido. Ou seja, se não há indecisão, disputa por um título, não há adrenalina, os fãs dos outros competidores, já não tem, talvez o interesse de ir naquele ano, o plano comercial pode não funcionar da maneira que era previsto, etc.
Ai então, veio a PBR com aquele caminhão de pontos, deixando tudo indefinido, tendo como dois maiores exemplos 2004, onde parecia impossível Adriano Moraes, perder e, enquanto Moraes, fez uma final ruim, Mike Lee, fez uma final perfeita e saiu como campeão.
E depois, 2006, onde tudo parecia favorável para Guilherme Marchi e, Adriano Moares virou o jogo conquistando seu terceiro titulo mundial.
Em resumo, o brasileiro Ednei Caminhas, foi o primeiro a forçar uma mudança no sistema de pontos.
Depois veio Silvano Alves, com a técnica de não pegar touro de reserva, pois, com a boiada, extremamente difícil, Silvano percebeu que uma nota de setenta pontos, lá no final, ele venceria o evento da mesma maneira. Ganhou três títulos mundiais em quatro anos e, lá vai outro brasileiro mudar todo o sistema de pontos, um sistema que 99% dos fãs de rodeio até o começo deste ano não entendiam.
Falo até o começo deste ano, porque, depois de um protesto geral, dos competidores, o sistema pontos caiu em 2021, voltando ao sistema antigo, normal, onde quem vence mais touros e soma mais pontos (nota) é o campeão do evento.
Sendo assim, a PRCA, oferece na NFR dinheiro suficiente para que os quinze classificados de cada modalidade possam virar o jogo e vencer, caso os que estão a frente façam uma final ruim.
O Circuito Rancho Primavera também mudou o sistema de pontos depois de Wingson Henrique também chegar na final em Quintana com o título já garantido dentro de uma lógica, mesmo que a matemática pudesse tentar apontar outra coisa.
É assim, a final será sempre o palco onde o competidor terá que provar que montou bem o ano todo, mas terá que fazer alguma coisa na final, senão, será ultrapassado.
Voltando na PBR, ela sempre mexe nos pontos com a intenção de que, na PBR Finals, tenha um numero grande de competidores disputando o título, foi assim na elaboração deste ano também, porém, vem José Vitor Leme e quebra tudo isso também.
Não, não estou dizendo que José Vitor Leme já é o campeão, há condições matemáticas e reais, na qual ele possa perder o título, porém, uma coisa Leme já vez: Quebrou essa intenção, da PBR de que tivesse muitos candidatos ao título.
Ele pode até perder, mas terá pouca gente brigando com ele.
Hoje José Vitor Leme, está 635 pontos á frente de Kaique Pacheco, segundo colocado.
Um competidor pode fazer no máximo, se vencer tudo, tirando todas as notas acima de 90 pontos, bônus, etc, 1.393,00 pontos.
Isso hoje deixa com chances matemáticas de título até Boudreaux Campbell, sexto lugar quem está 1.368,00 pontos atrás de Leme. Claro que, dentro de uma lógica, eu não apostaria em Campbell.
E dentro de uma logica ainda maior, sabemos que raramente algum competidor marcará mais que 1.000,00 pontos, deixando as chances somente entre Cooper Davis e Kaique Pacheco. Tudo isso por aproximação, só para vocês terem uma ideia.
Pensei aqui em casa, se o José Vitor Leme não estivesse este ano, por algum motivo imaginário de minha cabeça, ele tivesse desistido de montar em touros e voltasse ao futebol (viajei legal rs). Refiz o ranking com as pontuações atuais, sem José Vitor Leme.
Matematicamente, QUARENTA E OITO COMPETIDORES, teriam chances de título. QUINZE competidores chegariam, na final com chances reais de título, imaginando o cenário no dia de hoje.
Esse era o projeto da PBR, vários competidores disputando o título e disputa menos centralizada, porém, um tal de José Vitor Leme, mudou isso tudo.
Ele pode até perder, mas que ele desmontou as intenções da PBR, ele desmontou. Sou seja, poucos caras disputando o título de campeão mundial. Claro, com mérito, montando muito.
Ai fica a pergunta! Será que vão mudar o sistema de pontos de novo?