ENTREVISTAS RETRO #03 EUGÊNIO JOSÉ
Essa entrevista foi feita pela jornalista e amiga Luciana Omena em 2008, também não alterei as informações da entrevista conservando período em que foi feita.
“Amigos leitores hoje troco o papel e me coloco na condição de entrevistado pela repórter Luciana Omena. Espero que gostem!” (Eugênio José dos Santos)
Por Luciana Omena
Nome, idade, cidade que nasceu.
Eugênio José dos Santos. 34 anos. Nasci em Presidente Bernardes, moro em Presidente Prudente há sete anos.
– Como despertou o amor pelo rodeio?
Lembro que na época do vídeo-cassete, onde se gravava tudo, certa manhã estava assistindo TV e vi um programa da TV Rodeio (O chão é o Limite). Passava a final de 1992 do rodeio Colorado/PR. Lembro que gravei uma fita, mas tenho em minha memória até hoje o vencedor do rodeio: Fabrício Alves, montando no touro Pistoleiro, do Valtinho Pereira. A partir deste dia comecei a gravar sempre os programas e acompanhar o rodeio. Creio que foi ai que despertou o interesse.
– Você fez outras provas antes de montar em touro, conte um pouco dessa fase.
Na minha infância fazia Seis Balizas e Três Tambores e também pratiquei Hipismo Rural. Fui até finalista no campeonato paulista em 1986 de Hipismo. Fiz um pouquinho de Hipismo Clássico e cheguei a fazer um curso de Laço em Dupla.
– Quando decidiu que ia montar em touro? Já estava na faculdade? Que ano foi isso?
Depois de uma brincadeira em uma das fazendas que meu pai era gerente, onde me sai bem, comecei a interessar e meu pai comprou os equipamentos para mim. Isso foi no ano de 1993. Ainda não estava na faculdade, estava no colegial.
– Quais as providências que tomou? Resolveu fazer cursos, treinos ou já foi logo montar em rodeio?
Na verdade não via a hora de largar mão de estudar e viver no rodeio. Meu pai era gerente de fazenda e motivado pelos peões, montou uma boiada para eu e os outros peões montarem.
– Qual o primeiro rodeio que montou? E como foi o desempenho?
Foi em 1994 na cidade de Santo Expedito. Montei em um touro do Fábio Padilha, mas não recordo o nome. Até que meu desempenho foi bom, chegue à semifinal, mas cai do touro “Arrepio”, também do tropeiro Fábio Padilha.
– Quantos anos você competiu no esporte?
Foram 13 anos, porém fiquei muito tempo parado em virtude das contusões. Luxação foi a principal delas, foram duas cirurgias.
– Quais seus principais títulos?
Dediquei grande parte da carreira ao Rodeio Universitário. Já no primeiro ano (1998) fiquei em segundo lugar no campeonato, terceiro no Mundial que era realizado em Maringá e ganhei revelação do ano. Em 1999 fiquei em terceiro no campeonato e quarto no mundial. Em 2000 e 2002 ganhei campeão nacional. Ganhei o premio “Mais paradas oito segundos” três anos (1999, 2000, 2002). No rodeio profissional destaco o terceiro lugar no antigo rodeio de campeões de Presidente Prudente em 2002. E campeão do Primeiro rodeio Show em 2005.
– Porque decidiu parar de montar? Foi uma decisão difícil?
Ainda não decidi. (risos). Na verdade tentei parar de montar outras vezes e não consegui, a última vez que montei foi em 2006 em minha cidade natal. Não programei, mas, fui recusando convite dos amigos para montar em outros rodeios e to ai parado até hoje. Aconteceu naturalmente.
– Agora você é colunista e comentarista de rodeios, ou seja, continua perpetuando sua paixão pelo esporte. Como aconteceu isso?
Bom, foram duas coisas que não programei para minha vida. Eu achava que as informações sobre os competidores, publicadas na mídia, eram muito vagas. Queria saber os detalhes dos rodeios, quem tinha ganho, a vida dos competidores e não encontrava. Certo dia, mandei um e-mail para o Flavio Junqueira, cujo conteúdo era a PRT e, para minha surpresa, ele publicou o texto em sua coluna, no site do Adriano Moraes. Quando li, gostei do que escrevi. Montei um blog (www.cowboy.zip.net) e comecei a escrever sobre rodeio e publicar nos murais dos sites. O site Country Mania foi o primeiro dos mais de 20 sites que escrevo e já publiquei matérias. Também escrevo para dois jornais e uma revista. Além de ser contratado para alguns rodeios como Colorado, Jaguariúna e Rio Preto, para alimentar os sites durante a festa com notícias.
O comentarista também foi por acaso. Em 2006 iria acontecer uma etapa do Rodeio Universitário em Itanhaém, SP, e o comentarista do circuito Mauricio não poderia ir. Ele mesmo falou para o Welington, presidente da CBRU na ocasião: “Pelo que o Eugênio escreve, creio que ele tem condições de comentar”. Recebi o convite na segunda-feira, pedi folga no serviço (trabalhava em uma associação de gado de raça) e fui. Fui pego pelo ‘bichinho’ de uma vez por todas, gostei muito. A partir desse episódio, venho me dedicando a cada dia e graças a Deus estou ganhando mercado e respeito nesta profissão tão importante no rodeio hoje.
– O que mais te fascina: montar ou escrever?
Tudo se torna fascinante, desde que você coloque o amor em primeiro lugar. Sempre amei montar em touros e sou ‘tarado’ por escrever. Escrevo sobre rodeio, tenho um monte de blogs, sobre romance, crítica, política, enfim, quando você gosta de algo não restam dúvidas que isso se torna fascinante.
– O que falta para que o rodeio se torne ainda mais profissional?
As pessoas amarem mais o que fazem e não colocarem o dinheiro e poder em primeiro lugar. Todo mundo precisa comer, porém é preciso mais um pouco de amor e, principalmente, profissionalismo. Se eu computar as horas em frente ao vídeo e à internet daria uma vida, e as pessoas não valorizam isso. Muitas vezes preferem o barato, o amador, sendo assim parte do rodeio ainda fica amador.
– Qual o caminho para a melhora definitiva do rodeio?
O rodeio tem melhorado muito, o Brasil é enorme, tem muito rodeio, tem espaço pra todo mundo, basta cada um buscar o seu espaço, e não buscarem todos o mesmo espaço. Como diz a musica : “cada um no seu quadrado”
– E como buscar patrocinadores sérios que apóiem o rodeio durante todo o ano?
Olha, patrocínio no Brasil é algo complicado, principalmente para os profissionais de rodeio. Se você é patrocinando pela marca X e no rodeio quem patrocina é a marca Y, pronto a confusão está feita. Eu vejo nos EUA a algumas marcas que patrocinam tanto o campeonato A como o campeonato B, mas no Brasil é complicado.
– Quem é o melhor competidor de todos os tempos?
Adriano Moares
– Você tem um ídolo? Qual?
Adriano Moraes e vou explicar o porquê. Não é só pelo fato de ser tri-campeão mundial. Conheci o Adriano nos programas de rodeio e fui em um rodeio em 1993 aqui em Presidente Prudente. Ele já era o fenômeno nacional e ali fique fã, vendo toda aquela arena indo abaixo vendo–o montar. Em 1999 recebi um convite para fazer um curso com ele, aceitei na hora. Nesse curso fiquei fã também do Adriano Cristão. Aprendi não só a montar em touros, mas a professar minha fé católica. Daquele momento para cá, muitas coisas aconteceram em minha vida. E também na vida de muitos, pois creio que já levei a palavra de Deus a muitas pessoas e tudo isso começou com Adriano, naquele hotel em Barretos, durante seu primeiro curso de montarias.
– O Brasil não tem ídolos no esporte. Acha importante a criação de ídolos?
Isso é muito triste. Não se formam ídolos no Brasil. Claro que tem melhorado muito, só que ainda precisa de um pouco mais. As festas são responsáveis por isso, poderiam valorizar mais o artista-atleta, que é o peão. Poderiam criar espaços com fotos, etc. Algumas iniciativas vêm sendo tomadas. Em Jaguariúna, por exemplo, este ano vi fotos dos competidores espalhados pelo recinto. É o primeiro passo de uma longa caminhada para se formar um ídolo.
– E tentar a vida nos EUA, é um caminho para que o atleta possa viver tranquilamente do rodeio?
Às vezes sim, às vezes não. Tem que ser projetado. Infelizmente nunca fui, mas, tenho observado o sucesso de quem projeta sua carreira lá. Não podemos negar que tem que se ter um pouco de sorte e competência, claro. Mas lá é valorizada a personalidade do peão. Todos nós do meio do rodeio sabíamos da capacidade do Guilherme Marchi e do Valdiron Oliveira aqui no Brasil, mas lá o rodeio americano fez deles verdadeiros ídolos. Essa é a diferença.
– Deixe uma mensagem para o público do rodeio.
Primeiro queria agradecer aos milhares de leitores que têm acompanhado minhas matérias durante todo esse tempo e que todos possam ter Deus e a família como base de sustentação de vossas vidas. Acreditem em Deus primeiramente, e seus projetos serão realizados.
Agradeço a você Luciana Omena, uma amiga que conheci dentro do rodeio e aprendi a admirar e respeitar por esta oportunidade de estar falando um pouco sobre minha pessoa.
Patrocínio Marcar Rodeio www.marcarrodeio.com.br
Foto Alisson Prodlik