Entrevista com Rogério Paitl do Circuito Rancho Primavera
No ano de 2014, estarei PRESTANDO SERVIÇOS, ao Circuito Rancho Primavera. Estarei através no novo site www.ciaranchoprimavera.com.br que está sendo elaborado pela M2Wart.com.br, e também pelo site www.eugeniojose.com.br, destacando toda a parte esportiva deste campeonato, com foco no competidor e nos tropeiros, uma exigência do próprio Rogério Paitl, idealizador do campeonato.
E para começar este trabalho entrevistei Rogério Paitl, 39 anos, casado, 17 anos de rodeio, ex-tropeiro, dono de estrutura, organizador de rodeios, comentarista e idealizador do campeonato Circuito Rancho Primavera.
Eugênio José: Quando e porque começou com boiada. De onde veio a influência para entrar no rodeio?
Rogério Paitl: Influência do meu pai, um apaixonado por rodeio. Ele levava circos de tourada pra Usina Nova América, onde trabalhava na cidade de Tarumã (SP). Foi Presidente do Rodeio de lá por muitos anos. Foi presidente também do rodeio de Assis (SP) por vários anos também. Sobrava o que pra nós? Carregar gado que ele criava para ir em mesa da amargura, pega do garrote, cavalgadas etc. Fui pegando gosto e, meus amigos André Preto (André Silva) do universitário que também jogava basquete, virou peão de rodeio. Dessa maneira, cresci escutando isso. Sou sincero em dizer que não gostava muito. Eu queria jogar futebol, aliás joguei vários campeonatos de várzeas aqui na região como goleiro. Paralelo a isso, jogava basquete também, inclusive participei de mais de 7 jogos regionais do estado de São Paulo na modalidade. Porém, os anos foram chegando e minha categoria foi pouca pra seguir carreira. Tinha que estudar, trabalhar, etc. Afinal com 17 anos tem que tomar um rumo né. Comecei fazer faculdade de Processamento de Dados. Fiz por três anos, nesse período, paralelo a escola comecei trabalhar em uma empresa de informática como estagiário. Trabalhei por dois anos. Nessa época quem cuidava das propriedades do meu pai era meu irmão e ele precisou fazer uma cirurgia o joelho, e precisava de oito meses fora das atividades para sua recuperação. Abandonei tudo e fui cuidar da fazenda enquanto ele se recuperava. Garrote pra cá, garrote pra lá. Eles cresceram e viraram touros, e aí você já viu né: “Monta nesse que eu acho que pula”, e assim fui montando minha primeira boiada e levando em rodeios amadores até um dia ter bois melhores para levar em rodeios da nossa região..
EJ: Qual o motivo de ter parado com os touros?
RP: Custo! Alguém pode me dizer quanto custa ter um touro de rodeio? Ração, silagem, funcionários, caminhão, seguro, pneus, posto de gasolina, médico veterinário, hospital veterinário, remédios, aluguel de pasto etc…
Põe na ponta do lápis e me diga se compensa. Demorei muito pra enxergar isso. Ter boi de rodeio é maravilhoso, é gostoso, faz bem pro ego. MAS É CARO, e CARO DEMAIS. Eu não aguentei manter meu hobby predileto. Melhor vender antes que acabasse com tudo.
EJ: A ideia de ser comentarista surgiu como?
RP: Sempre fui muito fã de competidores. Fabricio Alves, Mauro Brosco, Carlos Ventura, Rinaldo da Silva, etc. Eu ia nos rodeios e os locutores falavam versos e nada dos peões. Até que comecei ajudar mais meu pai a gerenciar os rodeios onde ele era presidente, e e as vezes na hora do início eu entrava na arena e convidava os peões chamando pelo nome e falando seu currículo. Até que um dia em Águas de Santa Barbara (SP), o Adriano Brosco, ex-competidor e juiz atualmente, estava realizando um rodeio com a prefeitura. Minha arena e meus bois estavam lá. Amigo, o rodeio lá é em julho e na beira de um rio. Pensa em num frio!! Na primeira noite deu uma chuvinha antes do rodeio e, conclusão: Só peões e nós na festa. E o Adriano me pediu: “Sobe lá e comenta o rodeio” Foi assim comecei.
EJ: Qual foi seu melhor touro?
RP: Sem dúvida alguma meu melhor touro foi o DESORDEIRO. Touro que deu campeão em Jaguariúna (SP) em 2004 e 2005, melhor nota do Circuito Barretos em 2006, pulou na final de Barretos, Colorado, Americana em 2005. Até hoje vive lá no Rancho Primavera.. Mas talvez o Touro mais conhecido seja o CHEFTAN, depois de uma montaria do Silvano Alves no final do Rodeio de Herculandia no ano de 2010 que muita gente viu pela internet.
EJ: Qual competidor você mais admira?
RP: Não vou falar dos novos. Admiro muito o FABRÍCIO ALVES. Montava por gosto, por amar montar em touros. Um verdadeiro peão de rodeio! Nada o fazia desistir de enfrentar os ‘marrucos’ (touros) Vi ele sair da arena desmaiado na semi-final e voltar e ainda montar na final e ganhar um carro 0 Km em Lençóis Paulista. Isso é o que eu chamo de GUERREIRO!
EJ: Se pudesse começar de novo, zerar tudo, o que você não faria outra vez?
RP: Olha Eugenio, eu faria tudo de novo, essa foi minha escola. Aprendi fazer contratações, aprendi lidar com peões, aprendi mexer com touros de rodeio, montar estruturas metálicas de arena, brete e principalmente currais. Hoje sou sincero em dizer que dentro de um rodeio entendo desde o inicio até a entrega de prêmios.. Talvez com touros de rodeio e apenas faria diferente, sem loucuras ($$$)
EJ: O que te levou a fazer um campeonato?
RP: O que me levou a fazer um campeonato foi o excesso de competidores querendo montar, sobra peão. Tentamos selecionar os melhores, porém, antes do campeonato, muito peões montavam pelo currículo, e não pela capacidade. Fiquei com aquilo na cabeça e, quando montei o ranking, pude enxergar a realidade do rodeio. Para vencer tem que parar nos touros, entrar em finais, e foi exatamente isso que aconteceu. Os NOVOS cowboys apareceram e consequentemente uma renovação natural de competidores. Isso pra mim foi o mais importante: RENOVAÇÃO! Além de poder ter bons competidores em datas concorridas, em datas de bons rodeios, rodeios de carros e de boa premiação minhas festas ficavam defasadas de peões. Tive que por a cara e garantir um prêmio final, forçar as festas a deixar eu colocar meus competidores.. Competidores estes que na realidade me surpreenderam muito.
EJ: Sabemos que você faz suas etapas nos rodeios em que você organiza. Qual foi a mudança após o primeiro ano do campeonato?
RP: Melhorou sensivelmente o nível dos competidores. Muito mais organizado. Principalmente para nossos expectadores. Entender melhor sobre os competidores, e principalmente o nível das boiadas que mudou muito. Tipo da água para o vinho. Talvez tenha sido a mudança mais significativa.. Pra ter um bom rodeio, tem que ter peões bons. Pra ter excelentes montarias tem que ter bons touros. Mas para ter UM SHOW DE RODEIO tem que ter excelentes peões com verdadeiras MÁQUINAS DE PULO. Ai sim o cowboy é valorizado. Montar em touros de nível não em “coxinhas” (touros fracos) como falam nas gírias.
EJ: O foco não está só no peão no Circuito Rancho Primavera. Seu campeonato tem uma disputa a parte que são os tropeiros. No seu sistema TOP 10, além de correrem o risco de ficarem de fora, das etapas os tropeiros tem metade do cache distribuído em diárias. Qual foi a proporção no nível dos touros após essa mudança.
RP: Tentar proporcionar aos tropeiros, um ganho maior de dinheiro, esse foi o grande foco da TOP10. Quando distribuímos uma quantia em dinheiro para as melhores boiadas, os tropeiros tem mais incentivo para levar seus melhores animais ao rodeio. Além disso, a TOP 10 trouxe um novo sistema de quantidade de touros. Pulam no máximo 6 touros e mais um reserva por tropeiro. E também a melhor boiada de toda temporada pode ganhar um carro 0 km se somar mais pontos em todo campeonato.
EJ: Qual a programação de etapas e a premiação para 2014?
RP: Pra 2014 estamos mudando o sistema de premiação. Todos nossos prêmios serão em dinheiro. Assim os cowboys terão todos os dias premiação diária do 1º ao 5º colocado, e para os finalista prêmios em dinheiro até o 10º colocado. Além dos “bônus” para os 10 primeiros da etapa. Pra 2014 já garantida premiação dobrada da Etapa Final em Quintana com relação a de 2013. Ou seja, serão praticamente R$ 100.000,00 reais em prêmios distribuídos para cowboys e tropeiros na final em QUINTANA na data de 18 a 21 de dezembro de 2014!
EJ: Você foi para Las Vegas, na final da PBR, ano passado. Consegue-se extrair novas ideias. Estamos muito atrás mesmo no quesito organização?
RP: Acho que sim, dá pra extrair algumas ideias. Talvez em organização não estejamos muito atrás. O que falta no Brasil é a valorização do COWBOY DE RODEIO. Aquele que enfrenta um touro de uma tonelada. No Brasil, quando tentamos vender um rodeio organizado as comissões acham caro, mas, acham barato um show de 150 mil reais.. Quando cito valorização, significa que não estamos conseguindo fazer nosso rodeio ser um esporte de verdade. Enquanto artistas têm camarins com energético para ele e toda sua banda, os peões tem que amassar barro no fundo brete e dormir em alojamentos. Isso é o cúmulo do absurdo. Meu objetivo é melhorar para os peões a cada dia mais nossas condições de TRABALHO, PREMIAÇÃO etc. A se eu tivesse mais dinheiro. Com certeza seria muito diferente. Mas enfim, hoje temos que nos virar com o que temos em mãos. Às vezes é pouco. Mas é tudo que temos!
EJ: Você já conseguiu muitas coisas, mas todo mundo sempre tem o próximo passo ou até mesmo um sonho. Qual seria o seu?
RP: Meu sonho é concretizar cada dia com mais força a ideia de um grande CAMPEONATO. PROFISSIONALIZAR de verdade nosso esporte. E acima de tudo, ganhar dinheiro para que eu possa ter um futuro para mim e minha família. Esse é meu sonho. TRABALHAR sempre. De maneira HONESTA. Buscando o melhor pra todos aqueles que estejam do meu lado e que acreditam que o sonho pode virar realidade.
um trabalho espetacular, o circuito rancho primavera . de 2014 sempre valorizando os cowboys e tropeiros sou um competidor também e espero participar deste CAMPEONATO.