Conheça Helinho Paraíso o veterinário contador de piadas que ganhou as arenas do Brasil
Sonhar em ser locutor, realizar este sonho, se manter neste sonho. Ser locutor de rodeio é um sonho sem fim, muitos trilharam e ou trilham este difícil caminho até as arenas.
Helinho Paraíso sonhou tudo isso e vive este sonho. A agora, em uma atitude muito louvável, ele ajuda garotos a chegar no máximo. O máximo é indefinido, mas Helinho acredita que conseguiu tudo que um locutor poderia conseguir, mas como o máximo não tem limites, ele continua em crescimento. São quase trinta anos de história, desde sua carreira como competidor, que foi interrompida precocemente, até os dias de hoje.
Não desobedeceu aos pais, e se dedicou aos estudos antes de tudo, hoje Médico Veterinário, é uma das grandes referências na locução brasileira, sendo um dos nomes sempre presente na nossa maior referência de rodeio no Brasil que é a Festa do Peão de Barretos. Com Nossa Terra Jeans e Camisaria, GB Consultoria Tributária, Botas Amadade, Chapéus Radar Hats, Sandrin seguros e HP Moda Country, ele viaja o Brasil todo levando um trabalho sério, profissional e toda a sua alegria, que é algo natural de sua personalidade. Conheça em tópicos a carreira de Helinho Paraíso.
O COMEÇO
– Montamos uma arena 1987, com o nome de ‘cabaça’, ali a gente recolhia os garrotes no final de semana nos sitiantes, montávamos e depois devolvíamos. E com esse movimento fui gostando, montando em garrotes e cavalos, mas aquela arena precisa de um barulho, e eu fui o eleito. Eu montava primeiro e na sequência ia narrar as montarias, ali surgiu minha profissão – Explica como chegou ao microfone
INSPIRAÇÃO
– Minhas inspirações são dos locutores mais antigos, como Barra Mansa, Paulinho Pena Branca. A minha oração que faço na arena, é uma oração que o Paulinho Pena Branca me deu – Explica
ACIDENTE QUE MUDOU A VIDA
– Aos 17 anos sofri um acidente automobilístico, a narração na ‘Cabaça’ era só brincadeira, o sonho de montar ainda era mais forte. Mas, este acidente resultou em uma seria de fraturas na coluna cervical (C5,C6,C7). Foi um momento muito impactante na minha vida, foi um ano em tratamento, só internado foi um mês direto, tive que me locomover para São Paulo, tudo mudou, a narração começou a ser a única opção se eu quisesse ficar no rodeio – Explica
ESTUDOS
– Meu pai tinha o sonho de me ver formado, onde 1993 entrei na faculdade de Medicina Veterinária, conclui o curso acredito que isso foi uma das coisas mais importantes, hoje sou médico veterinário atuante, a profissão e a faculdade me ajudaram como ser humano e facilitou muita coisa, como locutor – Disse
O COMEÇO NAS ARENAS
– Eu era universitário, narrava o rodeio universitário e alguns eventos na região, onde locutores como Barra Mansa, Bituca, Vanderlei Melhado, Tony Carreiro, entre outros deixavam eu narrar. Vi que minha vida na locução estava começando a dar certo porque as pessoas perguntavam se eu não ia narrar umas quando chegava nos eventos. Naquela época tudo era mais difícil, não tinha Facebook, Whatsapp, site, etc. O locutor que aparecia, tinha que aparecer falando, a gente ficava a noite toda entregando papel para os locutores oficiais, para no final da noite narrar duas montarias, quando já não tinha quase ninguém – conta
– Sem contar a disputa que era para narrar rodeio amador, porém, foi através desses rodeios que tudo foi começando. Lembro de pessoas que me ajudaram a chegar nas arenas como Zezão aqui de Paraíso, o Chicão Falque tropeiro, o Juiz José Roberto da Cunha, eu ia para Barretos com ele para fazer parte do rodeio Junior, para narrar as montarias do Junior. Foi assim que dei meus primeiros passos – Relembra
RODEIO PROFISSIONAL
– O primeiro rodeio profissional que narrei para valer, foi na cidade de Sales (SP), onde viajei um pouco mais longe da minha região, e recebi um cachê para isso – Explica
ESTILO DE NARRAÇÃO
– Sempre tinha uma tese que o arroz e o feijão tem que ser feito sempre da mesma forma e a mistura vem para incrementar. Sempre narrei um rodeio firme, forte, fazendo o trabalho com meu estilo e não importa a cidade e o tamanho do público, sempre faço do mesmo jeito. As vezes a gente brinca para descontrair, e assim comecei minha carreira – falou sobre seu estilo de narração próprio.
HELINHO HUMORISTA
– Sempre estive cercado de pessoas mais velhas, sempre gostei de gostar piadas, e para chamar a atenção dessas pessoas mais velhas, eu tinha que fazer algo diferente, e era contar piadas. Quando você gosta de contar piadas, as pessoas vêm contar piadas para você. Sempre fui brincalhão, arteiro, acho que este estilo é meio um dom e encarnei na minha personalidade. E esse dom de contar piada me ajudou muito, inclusive em Barretos, onde eu narrava o rodeio JR, e as pessoas me chamavam para contar piadas. Isso virou uma marca, e hoje onde chego tenho que contar uma piada. É quase que uma cláusula do contrato (RISOS) – Fala sobre seu estilo alegre que, é sempre cercado por piadas.
FRIO NA BARRIGA PARA NARRAR
– Barretos é o lugar onde todo profissional treme. A primeira vez lembro até hoje, uma boca seca, uma preocupação. Não digo que a gente treme, é que a responsabilidade lá é um pouco maior e a possiblidade de erros precisa ser próxima de zero. Toda vez que fala “Você narra mais duas e vem Helinho Paraíso” a mão sua, e só depois da segunda ou terceira montaria que a coisa comece a fluir. Duvido um que não sinta esta emoção. O dia que isso acabar acabou também a vontade de narrar – Detalha sobre os momentos antes de entrar na arena
ALGO ENGRAÇADO
– Certa vez em Teresópolis, no Rio de Janeiro, eu estava narrando com uma calça jeans nova, tirei ela do plástico e eu fui passar a cinta no passador o passador quebrou, fui colocar algo no bolso, ele rasgou. Ou seja, a calça estava com defeito, mas queria ir de calça nova. (teimoso risos)
O rodeio era fora da cidade e íamos de ônibus do Circuito Barretos, que estava organizando o evento para o recinto. Sentia que aquela calça não estava legal, mas fui em frente.
Tinha um touro que foi muito famoso na mão do Paulo Emílio, porém, na época era do Chicão Falque, o ‘Destroye’r. Ele era o primeiro touro a se apresentar.
Logo percebi que a calça estava rasgando, avisei os salva-vidas, que se o touro viesse para o meu lado para eles tirarem, porque se eu subisse na arena a calça ia rasgar.
Parece que eu estava prevendo, o touro derrubou com dois pulos e veio em cima de mim, subi na cerca e ele passou debaixo roçando em mim.
Quando desci da cerca da arena, só sobrou o zíper (risos). Me rasgou a calça toda, igual as calças de Gogo boy, minha calça, rasgou daquele jeito.
Estava frio, e comprei aquelas calças que as pessoas chamam de ‘minhocão’ para colocar por causa do frio que era -1 grau. Só sobrou aquilo (minhocão), debaixo, e todo mundo rindo, o Cacá era o comentarista, falava no microfone, se tinha algum fotógrafo, foi uma loucura.
O problema era: Era a primeira montaria, tinha mais 29! O ‘Caiçara’ Salva-vidas’ me emprestou a bermuda amarela com uma flor cinza, que ele estava usando e coloquei por cima do meu minhocão e deu no que deu, assim terminei as montarias. Era todo mundo rindo de mim dentro da arena.
Como no Rio de Janeiro as pessoas não entendem muito de rodeio, no outro dia um carioca chegou em mim e disse: “ Pô cara que hora vai ser o lance da calça, que hoje eu quero filmar”. Tive que dar um tirada, dizendo que este número era só no primeiro dia (Risos). – relembrou rindo sobre a passagem engraçada.
COMPETIDORES QUE ADMIRAM
– É duro falar de um competidor só, admiro muitos, como comecei cedo, vi muita gente, como Possati, Marcha Lenta, Elias Sensuline (Formigão) que eu era fã dele, Vilmar Felipe, Milton Célio Rosa, Eder Arce, Mozart Junior, Claudecir Ferreira(pela jegue) e Roberley Val (Branco), nem gosto de falar nomes porque a gente esquece, os novos, também, caras como Edevaldo Ferreira, Ramon Rodrigues, Silvano Alves, Emílio Resende, Luciano Castro, enfim tem um monte que a gente admira, este são só alguns, gosto muito das montarias em touros e, e sou fã do esporte.
Estou a dezesseis anos em Barretos, narrei muita gente importante tantos os brasileiros, como, americanos e australianos, mas sou fã de todos. A lista seria muito grande para escrever aqui – Explica.
HELINHO PROFESSOR
– Fui convidado pelo Dr Kiko, e pelo Romildo Monteiro, para selecionar alguns locutores que estariam participando do caça talentos realizado pelo clube.
Como eu sei bastante coisa sobre Barretos, conheço todos, pedi para o Dr. Kiko, para conversar com os meninos, fazer uma palestra. Eles chegaram um dia antes, cada um de uma parte do Brasil, cada um o seu estilo.
Foi uma experiência incrível. Pude passar para eles que a gente precisa errar para aprender e também que, a vida é curta demais para errarmos tudo que precisamos aprender e que, temos que aprender com os erros dos outros.
Pedi a eles autenticidade, sem muitas copias, podiam até se inspirar, foi muito bacana essa troca de experiência. Garotos com muita vontade, foi isso que vi.
Era 31 locutores, de todo canto, de todas as idades, foi uma satisfação muito grande para eu. Fique de perto e selecionei três.
Getúlio Mattos de Altônia (PR), Marcos Campos, de Senador Canedo (GO) e José Carlos, de Corumbá (MS), eu não conhecia nenhum. Destes que estavam lá, oito tinha qualidade para trabalhar em um evento comum. Como Barretos não era comum, selecionamos três.
Entre os desclassificados um garoto veio me pedir uma dica, pedi para ele acompanhar uns DVDs, e perguntei a quanto tempo ele estava narrando. Ele disse que era o primeiro rodeio, e ele estava entre esses oito que eu falei, para vermos quantos talentos temos esparramados por aí. Foi uma experiência incrível – Finalizou Helinho sobre esta experiência