ENTREVISTA: VALDIRON DE OLIVEIRA CONFESSA QUE PENSOU EM PARAR APÓS CIRURGIA
O competidor Valdiron de Oliveira, é mais um, porém um dos primeiros goianos a ganhar destaque no cenário nacional e mundial no rodeio. Logo rumou para os Estados Unidos, onde selou sua fama de goiano “duro”. Super respeitado por lá e por aqui, “Diron” como é chamado, acumulou fortuna montando em touros.
É o 12º competidor que mais ganhou dólares na PBR (Professional Bull Riders), com mais de 1,5 milhões de dólare. Em seis anos montando por lá nunca, saiu da primeira divisão, até que neste ano, após uma cirurgia complicada, onde ele confessa que chegou a pensar em parar, e um retorno sem sucesso, em cima dos touros, Valdiron de Oliveira, foi cortado pela primeira vez no Top 30, e atualmente está na TPD (Touring Pro Division) segunda divisão da PBR.
Um Valdiron Triste? Confesso que esperava ele assim, porém, não foi isso que encontrei. Assim que ele me atendeu eu disse: “Valdiron tem um tempinho para falar comigo”. Valdiron respondeu sério: “Se não for demorar muito sim”. Assustei, logo ele deu uma gargalhada. “Estou brincando, tenho o tempo que achar necessário”
Aos 34 anos, 18 de rodeio, Valdiron falou de contusões, sua vontade de parar de montar, sua aposentadoria, fatos engraçados de sua carreira, e quem o incentivou a montar. Confira entrevista:
Eugênio José: Como e onde foi essa cirurgia?
Valdiron Oliveira: Operei seis hérnias de disco, em São José do Rio Preto (SP).
EJ: Como foi sua recuperação?
VO: Fiquei um tempo no Brasil e regressei aos EUA. Porém, percebi que não estava rendendo minhas fisioterapias e recuperação. Liguei para o Nivaldo Baldo, renomado fisioterapeuta no Brasil e ele me animou, então retornei para o Brasil onde acabei de me recuperar.
EJ: Como você avalia este tempo de espera para retornar as arenas?
VO: Foi um tempo difícil, poucas pessoas voltam a montar, depois desta cirurgia. Por um período eu achei que não voltaria mais a montar e pensei seriamente em parar. Mas, Deus me abençoou e estou competindo novamente.
EJ: Você parou em 5/15 touros que montou em 2013 Um aproveitamento bem abaixo da sua média. Posso dizer que talvez você tenha voltado antes do tempo? E isso ajudou a te derrubar do TOP30?
VO: Sim, cheguei a esta conclusão, que poderia ter esperado um pouco mais. Me condicionado por mais tempo. E chegar mais forte. Hoje já estou mais confiante, parando em touros.
EJ: Como você recebeu a notícia do Corte? Isso te abalou?
VO: De forma alguma isso me abalou. Faz parte do crescimento nosso. Estou super bem, tanto que já no primeiro evento, fiquei em segundo lugar, poderia ser até campeão, mas, sabe como é né, às vezes os juízes não colaboram.
EJ: Os juízes são problema nos EUA?
VO: Assim como no futebol, na segunda divisão a gente encontra de tudo. Desde arena com menos condição, juízes não tão preparados, touros complicados, mas, faz parte. Falta pouco para eu subir de volta, se ganhar mais um rodeio, já volto ao TOP30 de novo.
EJ: Quem te incentivou a montar?
VO: Meu irmão que hoje tem quase 50 anos e ainda monta em touros, o Valteir de Oliveira. Eu nasci em fazenda, sempre com contato com o campo isso também ajudou.
EJ: Lembra onde foi o primeiro rodeio que ganhou?
VO: Lembro sim, e foi uma história até engraçada. Eu trabalhava com o Luiz Maronezi, tropeiro, e fomos montar em Uruana (GO), conhecida como cidade da melancia. Ganhei campeão e recebi R$1.800,00 reais, outro amigo que trabalhava e dormia no mesmo quarto que eu na fazenda ganhou R$800,00, e pra gente era muito dinheiro naquela época. Guardei o dinheiro debaixo do colchão. Tanto eu como meu amigo ficava contando o dinheiro o dia todo, era uma alegria só. Como a gente morava na fazenda e não tinha como gastar todo dia a gente contava o dinheiro RS
EJ: Você mora em Decatur, no Texas, junto com a maioria dos Brasileiros, e com sua mulher e seus filhos. Do que você sente falta no Brasil? Os EUA é mesmo um país difícil de morar?
VO: Do que eu sinto falta do Brasil é do meu Pai e da Minha mãe. E mesmo assim todo ano vou lá ver eles. Não acho um país difícil não, para te falar a verdade, eu gosto daqui, acostumei morar aqui. E aqui no meio de semana, como moro em um rancho, fico laçando, tenho uns cavalos, os outros competidores vem pra cá e nos divertimos muito.
EJ: Já pensa em se aposentar? Até quanto pretende montar? Onde quer morar depois que parar?
VO: Já pensei em aposentar sim, pretendo montar mais dois ou três anos. Quero viver um pouco mais tranqüilo, longe desta vida de rodeio, aproveitar mais minha família. Quando esse dia chegar, quero voltar para o Brasil, lá os negócios com gado, touros de rodeio, propriedade são mais rentáveis que aqui, embora eu goste muito dos EUA, creio que no Brasil conseguirei uma estabilidade financeira melhor.
EJ: Valdiron quero te fazer a última pergunta, e esta é um pouco chata. Desde 2008, sua pior classificação foi quarto lugar no ranking, sempre lidera boa parte da temporada e quando chega na hora “H” de você conquistar o título vem uma contusão. Isso chega a ser um trauma, ou um fantasma pra você?
VO: Vou te confessar que no começo isso me incomodava, mas, hoje isso serve de aprendizado pra mim. Por um tempo me achava superior super preparado para montar em touros, invencível, mas, hoje, olho e vejo como Deus é maravilhoso comigo. Olha a fortuna que eu ganhei, a vida que eu tenho, só tenho a agradecer a Deus, e esse fantasma não me assusta mais, quero tocar minha vida.
Foto: Bull Stock Média