Pode chorar Silvano, campeões também choram!
Naquele final de tarde de 23 de maio, uma chuva fina caia sobre os arredores do complexo do Global Field, estádio do time de baseball do Texas Rangers, em Arligton no Texas. Local reservado para a escolha (Draft) dos times da PBR Teams 2022.
Dezenas de competidores estavam ali. Uma coisa era certa nem todos seriam escolhidos, um momento desconfortável se aproximava conforme as vagas eram preenchidas.
Como chegar em casa e falar para a esposa, namorada, filhos, pais, amigos, fãs, e justificar que não foi escolhido. Muito vivenciaram esse momento amargo.
Silvano Alves era um deles que NÃO FOI ESCOLHIDO. O cara que foi capaz de fazer coisas inéditas: Revelação do ano e, título mundial no ano seguinte, o segundo título mundial consecutivo. Dois anos mais tarde o tricampeonato mundial, recorde de sequencia de paradas, 6,5 milhões de dólares, sendo o terceiro maior de toda a história do rodeio mundial em ganhos perdendo apenas para J.B. Mauney e Trevor Brazile, entre tantas outras coisas.
O cara que tinha uma estratégia tão diferente que levou a PBR a mudar as regras para conter sua eficiência em cima e fora dos touros, com treze finais mundiais. NÃO FOI ESCOLHIDO.
Tudo bem, ele foi apenas o 36º na temporada 2022, não parou em nenhum touro na PBR Finals …mas, se você pegar todos os competidores, de todos os times e analisar: “Opa pera ai!”. Dava sim para estar entre os times. É uma história muito grande para ser abandonada assim, mas foi.
O tempo passou e veio a contratação de Silvano Alves, pelo Nashville Stampede. Caramba! Silvano entrou em um time que não estava bem, terminou a temporada regular em último.
Eita! Que destino é esse. O Nashville Stampede foi o campeão mundial da temporada 2022 de times e quem estava lá levantando a taça de campeão mundial e foi escalado para o último jogo e parou no seu touro? SILVANO ALVES.
Ao ser entrevistado por Ney Macedo, (VÍDEO) ele logo chorou quando citou que não foi chamado no Draft.
Eu não sei que se passou cabeça de Silvano Alves, quando ele dirigia sua camionete, voltando na chuva, para Decatur, na noite daquele 23 de maio. Garanto que muitas coisas. Muitas perguntas na internet, muito isso e muito aquilo. E tenho certeza (sem consultar ele) que dever ter sido um dos momentos mais duros de sua carreira.
Mas, quando ele começou a chorar na entrevista, aquilo foi uma resposta a tudo e a todos. Esse cara com certeza leu muita coisa desagradável, sobre seu rendimento, sobre parar, sobre desistir, sobre isso e sobre aquilo.
Só a cabeça de um peão, é capaz de determinar quando ele para e quando ele começa. Ninguém de fora nunca vai determinar isso.
Silvano foi elegante, atribuiu o resultado a família, aos amigos, a Deus e sua fé. Eu teria extravasado (risos)
Cada lágrima, tinha um sentimento: Só ele pode descrever, mas com certeza algumas delas, estavam guardadas desde aquela fria e molhada noite de 23 de maio no Texas.
Ao longo desses oitos anos, desde seu último mundial, recebi dezenas de perguntas sobre se Silvano Alves poderia ser campeão mundial novamente. Confesso que sempre foi uma pergunta difícil de responder, porém, sempre finalizava as respostas com: NUNCA DUVIDE DE UM TRICAMPEÃO MUNDIAL.
O cara fez história de novo!
Pode chorar Silvano! Os campeões também choram!
Parabéns!